O jornalismo na carreira pública
por Talyta Magano
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Foto de Phelype Gonçalves |
Quem nunca sonhou com a carreira pública? Estabilidade, rotinas flexíveis e um bom salário levam muitas pessoas a optarem por essa carreira. Com o objetivo de esclarecer os processos do profissional público na área de Jornalismo, o Núcleo de Estudos sobre as Profissões em Comunicação (NuEPCom) realizou, no dia 16, no Auditório do PAT, a palestra O jornalista na empresa pública, dos processos seletivos às práticas de trabalho.
Com mediação da professora Simone Orlando, coordenadora do curso de Jornalismo e pesquisadora do NuEPCom, os palestrantes Cristiano Henrique, diretor pedagógico do Curso Radix e pesquisador do NuEPCom, Felipe Barreto, assessor de comunicação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e Luciana Campos, gestora de atividade jornalística da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), comentaram sobre suas experiências e traçaram um panorama da área no Brasil.
De acordo com Cristiano, o jornalismo é a área com maior número de vagas oferecidas em concurso público de nível superior. Ele explicou que a carreira pública para o jornalista apresenta um leque variado e diversificado para o profissional de comunicação.
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Luciana Campos em foto de Phelype Gonçalves |
– A área de comunicação é muito ampla e possui muitas interpenetrações com outros campos. Ela dialoga com a filosofia, com a antropologia e até com a administração, por exemplo. Os concursos públicos, de alguma maneira, refletem isso. É comum que se espere do candidato de comunicação alguém com um perfil de assessor e estratégico mais do que o jornalista clássico, que está muito ligado à redação – esclareceu.
Sobre os estudos do NuEPCom, Simone Orlando contou que foram analisados, durante um ano de pesquisas, 510 concursos em dez anos. Destacou que o ápice de concursos públicos ocorreu em 2009 e 2010, quando 96 concursos foram realizados em cada ano:
– O nosso quadro de concursos hoje é muito favorável. Nunca se fez tanto concurso nessa área como nos últimos anos.
Seguindo carreira pública, Luciana Campos participou da primeira seleção feita pela EBC, em 2011. Ela iniciou sua carreira na UFRJ, como estagiária, e, antes de prestar o concurso, trabalhou na Marinha. Em seu trabalho, a jornalista exerce a função de editora de textos nos telejornais da empresa, embora tenha passado para o cargo de gestora de comunicação, lidando com notícias de cunho institucional. Sobre essa questão, ela afirmou que alguns setores ainda não estão bem definidos por enquanto, pois a empresa está se descobrindo, já que possui apenas cinco anos.
Ao contrário da colega de profissão, Felipe Barreto começou sua trajetória como estagiário no Jornal O Povo, de segmento popular, onde teve que escrever até para a seção horóscopo. Além disso, estagiou na CBN e, depois, já formado, foi trabalhar em um projeto na Alerj, com cargo comissionado. Sua passagem pelo órgão público o estimulou a procurar a estabilidade dos concursos. Após algum tempo, foi aprovado para o cargo de assessor de imprensa no TJ-RJ.
– O mercado de trabalho comum é fascinante, porque dá a oportunidade de estar na vanguarda no que diz respeito ao jornalismo, em todo o seu imediatismo, agilidade e nas participações em coberturas. Algo que a carreira pública não costuma oferecer, pois é mais voltada para assessoria – declarou.
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Felipe Barreto em foto de Phelype Gonçalves |
O mais interessante na carreira jornalística, segundo Barreto, é poder fazer de tudo, mesmo que algumas vezes o profissional realize projetos menores, para ganhar experiência na área. A carreira pública possibilitou que ele realizasse outros projetos pessoais, como fazer mestrado na área de comunicação. Para finalizar, frisou a importância de não enxergar no concurso público um valor corriqueiro:
– O que quero deixar claro é: fazer concurso não é ganhar na loteria. Fazer concurso é um hábito, uma cultura, um comportamento e uma prática. A pessoa não vai conseguir na primeira nem na segunda tentativas, mas as chances aumentarão com a prática.
Sobre o trabalho no Tribunal de Justiça, Felipe Barreto afirmou ser muito requisitado, principalmente por jornalistas interessados em obter informações a respeito de casos famosos. Todos os processos jurídicos do Estado ocorrem nele, como o do atropelamento de um ciclista por Thor Batista, filho do empresário Eike Batista.